quarta-feira, 11 de maio de 2011

Karl Popper (1902–1994)

Filósofo da ciência. Ficou famoso com o seu primeiro livro Logik der Forschung (1935, trad. ing. The Logic of Scientific Discovery, 1959), no qual destrói as tentativas tradicionais de fundamentar o método científico no apoio que a experiência proporciona às generalizações e às teorias adequadamente construídas. Acentuando as dificuldades que o problema da indução põe a qualquer método desse género, Popper propõe como alternativa uma epistemologia que parte da formação arrojada e imaginativa de hipóteses. Estas enfrentam o tribunal da experiência, que tem o poder de as falsificar mas não de as confirmar. Uma hipótese que sobreviva a tentativas de refutação, pode ser provisoriamente aceite como "corroborada", mas jamais se lhe pode atribuir uma probabilidade. Este ponto de vista tornou-se extremamente popular entre os cientistas, que reconheceram o valor que Popper dá à teorização imaginativa e à refutação paciente, reagindo com satisfação à ideia redentora de que apresentar uma teoria que seja depois refutada não é um defeito, mas uma virtude. Os filósofos têm sido mais cautelosos, fazendo notar que algo parecido com a indução parece estar envolvido quando depositamos confiança em teorias bem corroboradas. Ninguém faz uma viagem de avião só porque a conjectura de que ele se sustenta no ar é imaginativa e arrojada. Contudo, muitos pensadores aceitam, no essencial, a solução popperiana para o problema da demarcação entre a verdadeira ciência e as suas imitações — designadamente, que a primeira apresenta teorias genuinamente falsificáveis, ao passo que as segundas não. Embora o conceito de falsificação seja mais complexo do que Popper pensava no início, a sua tese congrega as objecções que muitas pessoas têm a ideologias como a psicanálise e o marxismo. A influente obra The Open Society and Its Enemies (1945, trad. A Sociedade Aberta e os seus Inimigos, 1993) e The Poverty of Historicism (1957), onde atacou o ponto de vista de que há leis históricas fundamentais que tornam inevitável o progresso, são algumas das obras de Popper de carácter social e histórico. Na primeira, Popper ataca esta crença, que associa ao totalitarismo antiliberal que encontra em Platão, Hegel e Marx, embora não seja claro que a sua leitura destes filósofos faça justiça às rigorosas restrições éticas que eles colocam aos sistemas políticos racionais que exploram. Popper associa a virtude política, tal como a virtude científica, à possibilidade da livre investigação, apenas sujeita a restrições que minimizem a possibilidade da aceitação de maus sistemas. (In Dicionário de Filosofia, de Simon Blackburn. Gradiva, 1997.)

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