domingo, 6 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Discurso argumentativo - Ficha de trabalho de revisão:

"(...) é o regime democrático da livre expressão de opiniões, da discussão de todas as teses em presença, que é o concomitante indispensável do uso da razão prática
simplesmente razoável."

Chaïm Perelman , Le Champ de l'Argumentation,
Presses Universitaires de Bruxelles, 1970, pp. 181-182.


O nascimento da Pólis

"A partir de 1150 a.C., aproximadamente, os dórios, vindos do norte, começaram a invadir a Grécia, instalando-se em Epiro, Etólia, Acarnãnia, Peloponeso, Creta e Anatólia. Outros povos como os boècios, os tessálios e os trácios também penetram nas terras gregas. A civilização micénica é destruída e a cultura, de certo modo, retrai-se: o comércio cede à economia agrícola e a escrita desaparece, para só ser reencontrada no final do século IX a. C. Vive-se no isolamento das aldeias, com formas de vida tribais. Por isso, esse período, que se estende até ao início do século VIII ª C., é cohecido como "idade da trevas". No plano político, ocorrem transformações decisivas: a realeza desaparece e o poder político passa a ser controlado por uma aristocracia de ricos proprietários de terras. Mas com isso, desaparece também a unidade política que o rei encarnava em sua autoridade. Sem esta unidade superior, a sociedade passa a ser vista como lugar de desordem, de conflitos entre diversos grupos sociais: as famílias aristocráticas entre si e também a aristocracia e as camadas mais pobres da população. Como recuperar a ordem e a harmonia perdidas? Diante da inexistência de um rei, o que poderia preservar a unidade e a coesão da comunidade? A organização da polis vai-se impondo aos poucos como solução para estas questões.

Outros factores encontram-se também na origem da polis: o renascimento do comércio, a partir do século VII ª C., que se desenvolve cada vez mais com a invenção da moeda cunhada, rompe o isolamento das aldeias. Estas tendem a unir-se, dissolvendo as antigas linhagens tribais. A sociedade torna-se mais complexa . Ela não é um aglomerado de agricultores e artesãos - o demos ( o povo)- reunidos em torno do palácio central.

O próprio centro da cidade sofre um deslocamento radical: ele passa a ser o ágora, a praça pública, onde acontecem as transacções comerciais e as discussões sobre a vida da cidade, a começar pela sua defesa. O direito de acesso ao ágora também se torna cada mais amplo, estendendo-se, com a instituição da democracia, a todos os cidadãos, isto é, habitantes do sexo masculino, adultos e que não sejam estrangeiros ou escravos:"

AA.VV., História do Pensamento, Volume I,
Editora Nova Cultural, 1987, pp. 17-18.

1. Discuta a cumplicidade que deve existir entre o aparecimento da retórica e a emergência do regime democrático na cidade ateniense.

Os sofistas e a democracia

Mas são as instituições democráticas que permitirão o progresso da sofistica tornando-a, de alguma maneira, indispensável: a capacidade do poder exige, de agora em diante, o perfeito domínio da linguagem e da argumentação: não se trata apenas de ordenar, há também que persuadir e explicar: É por isso que os sofistas, como nota Jeager, que saíram todos da classe média, foram, de uma maneira geral, mais favoráveis, parece, ao regime democrático. É claro que os seus alunos mais brilhantes foram aristocratas, e os jovens nobres que frequentaram os sofistas foram os que aceitaram submeter-se às regras das instituições democráticas: os outros desinteressavam-se da vida política.

Por outro lado, os sofistas foram profissionais do saber, da gramática à Matemática, mas estes filómates não procuravam a transmissão de um saber teórico: visavam a formação política de cidadãos escolhidos."

G. Romeyer-Dherbey , Os Sofistas, Edições 70, p. 10


1. Discuta a cumplicidade entre o movimento da sofística grega, o nascimento da democracia e a importância das técnicas argumentativas.

Da percepção à razão

Enquadramento:

  • Da percepção à razão

«A percepção dos sentidos é, portanto, fortemente determinada pela disposição total da mente e do corpo. Mas, por sua vez, esta disposição relaciona-se, de maneira significativa, com a cultura geral e estrutura social. Do mesmo modo, a percepção através da mente é também governada por todos estes factores. Por exemplo, um grupo de pessoas passear numa floresta vê e responde de maneira diversa ao ambiente. O lenhador vê a floresta como uma fonte de madeira, o artista como algo digno de ser pintado, o caçador, como esconderijo para a caça, e o pedestrianista, como espaço natural a explorar. Em cada caso, o bosque e as suas árvores individuais são percebidos de modo muito diferente, na dependência da formação e expectativas dos passeantes.»

D. Bohm e F. D. Peat, Ciência, Ordem e Criatividade,
Lisboa, Gradiva, 1989, p. 91

  1. Esclarece o sentido desta aparente contradição: Pai e filho foram ao cinema. Viram o mesmo filme, mas não viram o mesmo filme.
  2. Elabora um pequeno texto de carácter argumentativo, em que fundamentes as razões da tua concordância ou discordância com a afirmação seguinte:
    "Para pensar o mundo, temos primeiro de percepcionar o mundo."

M. Conford.

In J. Vieira Lourenço, Razão e Sentido – Introdução à Filosofia 11º ano ,
Porto, Porto Editora, 1998, p. 155.

Além das sugestões apresentadas pelo autor, seria possível como tarefa:

  • Identificar os factores que condicionam a percepção da realidade.
  • Justificar o facto de a percepção não ser nunca uma simples cópia do real.

Argumentação e Filosofia: